O artigo analisa a transformação das centralidades na Área Metropolitana de Lisboa (AML). As dinâmicas
de localização de residentes na cidade de Lisboa e periferia na última década acentuaram o processo de
desertificação da cidade e o crescimento da periferia. A tendência de saída de muitos residentes do
centro para a periferia caracterizou uma dinâmica de centralidades: suburbanização. Apesar desta
situação, verificou-se simultaneamente a diminuição de população de alguns concelhos e freguesias na
periferia; a entrada de novos residentes para muitos bairros da cidade de Lisboa; e o crescimento do
número de imigrantes. A perda de população da cidade de Lisboa não correspondeu a uma diminuição do
seu valor residencial. Viver em Lisboa ou na periferia tem diferente valor social. Recentemente a entrada
selectiva de novos residentes para o centro, introduz uma nova dinâmica de centralidades: pós
-
suburbanização. Este fenómeno revela a importância dos “estilos de vida” como elemento importante na
transformação das centralidades. O gosto de viver no centro, associado a alguns grupos, reforça a
importância da
gentrificação
na dinâmica das novas centralidades. O estudo integra metodologias
qualitativas (observação participante e entrevistas) e quantitativas (análise de regressão linear múltipla
efectuada aos dados dos censos de 1991 e 2001). Os resultados da investigação revelam uma forte
importância das variáveis: imigração PALOP, emprego no sector terciário, habitação e família extensa. Os
efeitos do crescimento e declínio da população resultantes destes factores têm transformado
profundamente o território, com reflexos no uso do espaço público, mudanças em muitos edifícios, coesão
social e crescimento de condomínios fechados.